Aprendendo com diferenças
Após ter passado dez dias em Munique com um grupo do Klenze-Gymnasium, foi a nossa hora de receber os “Olympiandos” bávaros no Rio. O grupo chegou muito animado na manhã do último domingo do Carnaval.
Como os grupos já haviam se dado muito bem em outubro, nos encontramos e foi como se outubro tivesse sido somente dois dias atrás. Apesar de ser uma longa viagem de avião, a maioria dos alemães não quis descansar; eles queriam curtir o Rio! Os dez dias passaram muito rápido e foram encharcados de programações, assim como os nossos dez dias em Munique.
Apesar de todos terem se tornado ótimos amigos, ainda era possível perceber as diferenças culturais. Enquanto em Munique nós nos movimentávamos principalmente a pé ou S-Bahn/U-Bahn, no Rio o grupo se movimentava principalmente com um ônibus da escola ou de carro. Nós, brasileiros, tivemos que explicar que aqui pode ser perigoso para um grupo de turistas irem à praia sozinhos. Eles, infelizmente, não puderam ter toda a independência que nós tivemos lá.
Entretanto, as diferenças culturais não estavam somente nos hábitos; era possível percebê-las nas conversas que tivemos com pessoas importantes do Rio2016. Como os Jogos Olímpicos de Munique foram um sucesso e existe até hoje uma área de legado sendo reutilizada, o grupo alemão ficou um pouco chocado com partes do Rio2016 que estão completamente abandonadas.
Os Jogos de 2016 foram, afinal, muito diferentes dos de 1972. A cultura brasileira e a cultura alemã influenciaram nas organizações e planejamentos das respectivas Olimpíadas. O aprendizado da viagem de Outubro só esteve completo depois daqueles dez dias no Rio com o grupo do Klenze-Gymnasuim, nos quais nós, brasileiros, também tivemos a chance de conhecer partes e aspectos da nossa cidade que não conhecíamos direito.
7 de março de 2017
No dia 7 de março de 2017, o grupo Olympiando visitou, junto com os intercambistas alemães, a ONG Justiça Global, no Centro do Rio de Janeiro. A ONG, fundada em novembro de 1999 trabalha com a promoção e proteção dos direitos humanos e o fortalecimento da sociedade civil e da democracia.
Lá os alunos tiveram a oportunidade de se informarem mais sobre as remoções, a militarização, questões ambientais, entre outras. Conversamos sobre as remoções da Vila Autódromo, sobre a violência das UPPs e outros assuntos relacionados às Olimpíadas, conseguindo, assim, entender melhor as medidas tomadas e suas causas de um evento tão grande.
É importante que haja visitas como essas para que os alunos de hoje em dia compreendam ações de uma realidade da vida adulta, promovendo o pensamento e a visão crítica dos jovens. Por mais que o grupo Olympiando tenha visitado a Justiça Global ano passado, o encontro foi informativo, mesmo abordando o mesmo tema que o da reunião anterior.
Depois disso, fomos à Vila Autódromo, aonde vimos as famílias que conseguiram sobreviver às remoções. Das milhares de pessoas que ali residiam, apenas cerca de 20 famílias permaneceram no local. Uma moradora explicou um pouco da história da favela e disse também como a prefeitura, antes dos Jogos Olímpicos, construí casas mais esteticamente bonitas, já que ficavam perto do Parque Olímpico, que no momento continua vazio sem ninguém utilizá-lo.
É claro que há pontos positivos do megaevento, mas não pode esquecer-se dos aspectos negativos. Sempre há dois lados da moeda, um talvez mais escondido do que outro, porém são projetos como esse que ajudam aos participantes a analisar as coisas mais criticamente e a formar suas opiniões através dos resultados. Iniciativas com integrantes jovens são de alta relevância, afinal, eles que vão construir o futuro.
9 de março de 2017
Claudia Grangeiro, que trabalhou na Empresa Olímpica Municipal nos Jogos de 2016, fez uma palestra do lado positivo e do legado das Olimpíadas no dia 9 de março de 2017.
Ela mostrou a mesma apresentação do ano passado, um pouco antes das Olimpíadas, focando nas coisas boas que aconteceram para a cidade nessa transição toda do megaevento. Ruas foram alargadas; o metrô se expandiu e uma nova linha foi criada; a Praça Mauá foi inaugurada, virando centro de turismo; surgiram novas linhas de ônibus.
Repercussões como essa facilitam e fazem, agora, parte da história e da cultura carioca. É claro que as Olimpíadas deixaram legados para o Rio, porém não se pode pensar que os efeitos dos Jogos são apenas negativos.
13 de março de 2017
Na segunda-feira, 13 de março, junto com nossos intercambistas, fomos ao Iate Clube do Rio de Janeiro (ICRJ) ao encontro da medalhista olímpica Kahena Kunze. Junto com sua parceira Martine Grael, conquistou o ouro nas competições de vela dos Jogos 2016. Fomos muito bem recebidos. Ex-aluna da escola, nos deu um pequeno “tour” do clube e de seu barco. Mais tarde, nos sentamos na sala em que Kunze aprendeu a velejar para um bate papo em inglês e alemão também!
Todos estavam muito interessados em conhecer melhor a experiência de participar dos jogos e a história da velejadora. Por uma feliz coincidência, Martine, a dupla de Kahena, estava no clube e, por um convite da parceira, se juntou a nós para o bate papo. Tivemos a oportunidade única de segurar uma medalha olímpica de ouro nas mãos. A dupla se emocionava toda vez ao falar da vitória. Apesar da grandiosa conquista, deixaram claro que sua jornada não para por aí. Já estão treinando para Tóquio 2020 e outros grande campeonatos como mundiais e continentais.
Foi realmente uma oportunidade única conhecer a dupla e poder conversar com elas sobre sua experiência. Todos gostaram muito e com certeza vão lembrar dessa manhã por muito tempo. Após o término da visita, os alunos brasileiros voltaram para a escola para ter aula e os alemães foram aproveitar um dia ensolarado e quente na praia. Agradecimentos vão para Kahena e Martine por possibilitarem essa experiência única e, com isso, enriquecer nosso projeto.